Dia das mães

Desde cedo, quando o Sol esticou a primeira pontinha de luz pelo céu, espreguiçando-se, as engrenagens do mundo se coordenaram diferentemente. Que é isso? Que som diferente! Consegue ouvir? Elas foram azeitadas de um jeito todo especial, para uma ocasião especial: festa! É o dia das Mães.

Querida mãe. Meus parabéns! Hoje é o seu dia. Graças a mim, em primeiro lugar, não deixemos de acrescentar.

Pigarro. Que curiosa essa entidade, a mãe. Consiste, taxonomicamente falando, em uma caracterização infinitamente extensível e abrangente, aplicável a um amplo espectro de "coisas" no universo. Pois há mãe de todo tipo, para cada momento, e de das mais diversas consistências, constituições --- e instituições, diga-se de passagem; até nave-mãe tem. Essa palavra deixa-se manipular de mil modos, e mais todos os não inventados,
choramingarrependidapelativo-culpadepressivocativimploramigamolademotivamente
--- mamãe, mã, mãezinha, mãinha, ÔÔÔ mÃÃÃEEee, manhêê, ãããÃÃÃãã(aspirando) ÃÃÃÃããã-ã!-ã!-ã!-ã(azul)-ã(roxo). . ., minha-(ma)mãe(zinha)-querida, mamuska. . . De fato, que bizarro esse conceito de mãe. E que genial.

Tamanha inteligência e engenhosidade são tão intríncicos à mãe-dade que o próprio dia das mães é uma doação, compartilhamento em si mesmo: como todo mundo tem, ou teve uma, todo mundo pode comemorar; e essas --- como elogiarei? --- mães alegremente compartilham a festa com o universo.

Mas falemos francamente. O papo é sério. Nem todo mundo tem uma mãe a quem abraçar hoje. Muitas pessoas são (crime!) privadas do direito de ter uma mãe --- pois que isso constitui um dos direitos mais completamente inalienáveis de todos, de tudo. Seja ela uma descarga elétrica que te permite erguer-se, vivo enfim, num caldo primordial, seja aquele anjo que é capaz do esforço homérico e sublime de compreender os incompreensíveis, os impossíveis. . . mistérios? não: filhos --- todos têm o direito de tê-la. Mas nem todos têm. Nem todos têm.

Há, por outro lado, os que dizem que isso é indiferente. Pessoalmente, acho esses mãe-pra-quês uns não-sabe-o-que-tão-perdendos! Mãe é bom! E ponto. Quer lembrança mais agradável do que a de carinho de mãe?

Mas divagamos (ambos, já que você me acompanhou até aqui). Onde é que estávamos? Mãe é um conceito fantástico. . . nem todos tem mãe. . . tem gente que (acha) que nem quer mesmo. . . não é que eu não consigo achar o fio da meada? Ah!, encontrei. A hora é de me gabar (não se preocupe, nã me alongarei nesse ponto, é desnecessário).

Há muitas, muitas, muitas mães por aí. De todo tipo. Há por aí mães (des)ocupadas, atenciosas, super-protetoras, descuidadas, e também não-mães, anti-mães, mães por acidente, super-mães --- haverá sub-mães? mães-ou-menos, talvez? ---, mães-de-santo, mães-tias, pais-mães, mãezonas, mãegeras, descoladas, leitoras-de-pensamentos,
leitoras-de-histórias, mães dos outros, etc. (as mães não-supracitadas que me perdoem o curto fôlego).

Mães de todo modo, Céliamente falando, a minha é a melhor de todas.

Te amo muito mãe!

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Não pude conter a lembrança das noites bronquíticas, doênticas em geral. Nessas ocasiões, o show contou tanto com a sua participação como com a do pai, tendo cada um atuado de acordo com a sua especialidade, se é que me entende. De todo modo quero registrar que o carinho e atenção que eu recebi então não serão esquecidos jamais, e são um dos mais valiosos tesouros que carrego sempre comigo.

6 comentários:

  1. Mais uma vez, muito obrigada!
    Esta é a mais linda mensagem que este blog já recebeu

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  2. Manhêêêêê! Ó a Tamiraaaaaaa (mentira, eu nunca digo isso).

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  3. muito lindo, amei...
    Será que tem dia das tias????

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  4. Não sei... mas é um absurdo não haver dia dos dos filhos... (ou, por que não? Dos primogênitos!)

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